Para que a Educação?
21 de novembro
Eduardo Christmann
Todos os dias, nos noticiários,
vemos imagens de violência e ignorância. Os jovens começam agredindo
professores e logo viram assaltantes. Eles são punidos, mas não é essa a
questão. A questão é: até quando isso será necessário? Há uma frase de
Pitágoras, filósofo e matemático grego do século VI a.C que, hoje em especial,
diz tudo: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. É
uma pena que seu conselho não tenha sido ouvido. Mas não é tarde demais.
Henry B. Adams foi um célebre
professor americano que certa vez disse: “Um professor afeta a eternidade, é
impossível dizer até onde vai sua influência”. Um bom professor jamais é esquecido. Quando a família falha é
nos educadores que recai a chance de mudar o futuro de um jovem. Mas tem sido
difícil para esses profissionais. Que motivação resta a um professor para
ensinar quem não quer aprender? Como um professor pode ter empenho quando
recebe um salário que não compensa seu valor e corre o risco de sofrer
agressões na sala de aula, onde ele costumava ser autoridade? Como pode que
outras profissões nem tão importantes dêem tanto dinheiro, enquanto os
professores são ignorados? Vejamos o exemplo dos jogadores de futebol, que nada
ensinam, podem saber quase nada, e em pouco tempo são mais ricos que um
professor veterano.
Na Grécia Antiga viveu também um
filósofo e pensador chamado Platão. Platão defendia a idéia de um rígido e
amplo sistema educacional controlado pelo Estado. Em outras palavras, as
crianças teriam de ser tiradas dos cuidados das mães para estudarem. Mas eu,
pessoalmente, discordo. Afinal, o ser humano não é uma máquina para registrar
informações. O afeto é peça chave na educação de uma criança, o interesse e a
dedicação dos pais ou responsáveis. O apoio da família pode ser o elemento mais
importante no processo de aprendizado, principalmente nos dias de hoje.
Consequentemente, crianças com um ambiente desestruturado em casa enfrentam
dificuldades muito maiores nas escolas. Platão criticava o Estado por
esquecer-se da educação do povo e preocupar-se mais em guerras e conquistas.
Hoje, não é tão diferente.
Mas a questão dos alunos não é tão
simples. Na mentalidade da maioria dos jovens de hoje, a escola, a educação, é apenas
uma formalidade, uma obrigação, não algo prazeroso. Afinal, o país do futebol
tem o cativante poder de criar astros do esporte, que com a bola nos pés fazem
fortunas milionárias. Mas o que esses “mestres” têm na cabeça? Eles estudaram?
Para um aluno, basta ter aptidão física que já se tem um futuro praticamente
garantido. Além, disso, há casos em que deixar os estudos e encontrar um
emprego parece ser mais proveitoso. Então, para que estudar?
Quem tem a ver com a educação? Não é
apenas uma parcela da população. Nem só Estado, nem só professores e nem só a
família. Toda a sociedade é responsável pela educação dos jovens. Afinal, eles
serão a sociedade de amanhã. Como pode a educação, que moldará o destino do
mundo, ser deixada de lado? Quantos mais terão que abandonar os estudos,
quantos mais professores se frustrarão e quantas famílias se perderão?
Na Índia viveu um homem chamado Mohandas Karamchand Gandhi. Hoje ele é chamado
de Mahatma Gandhi. Ele foi o líder de uma revolução desarmada, sem violência
que lutava por uma sociedade pacífica. Ele disse certa vez que “A força não vem
da capacidade física e sim de uma vontade indomável”. Eu poderia acrescentar
que a força de uma pessoa, suas
capacidades, não depende de quem ele nasceu, do que possui ou do que seu corpo
pode fazer. Essa força só vem do conhecimento, de quem se escolhe ser, da
educação que se recebe.
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